... e achei interessante.
CONCISÃO
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
O jornalismo vive de fatos. O problema do jornalismo no Brasil é a concisão. Se a matéria for demasiadamente cansativa, extensa, principalmente quando redigida pelos que não são do ramo, recomendam os manuais de redação que elas sejam divididas em duas, até três edições, por exemplo, “O Bolo de Fubá I”, “O Bolo de Fubá II”, e vai por ai. Os jornais tem que conviver com o espaço. O espaço é uma exigência básica em qualquer redação.
Outra prioridade no jornalismo é avaliar o que é notícia e o que não é notícia. Para tanto, são feitas reuniões de pauta, que vão priorizar o que será noticiado na edição. No jornalismo, tudo o que é inusitado é notícia, independentemente de gostos. O jornal vive do que é inusitado. O que não for inusitado deixa de ser notícia. Se em cada edição o jornal precisar fazer um referendo, um plebiscito, uma audiência pública, para saber o que vai publicar, não haverá tempo suficiente para que o produto chegue às bancas. Até a editoria de culinária será prejudicada se pretender publicar a receita do bolo de fubá. Na audiência pública poderá surgir reação dos que reprovam bolo de fubá, pamonha e outros derivados de milho.
Aos desavisados é bom lembrar que no jornalismo as notícias têm peso. É um peso fluído, imponderável, que escapa a sensibilidade do fiel da balança. O peso se traduz em linhas. Vou dar um exemplo. A visita do Papa valeu milhares linhas. Foi por isso que o assunto se tornou pauta em toda a grande imprensa. Havia 3.027 jornalistas do mundo inteiro na central de informações em São Paulo. A visita do Dalai Lama também rendeu milhares de linhas, porque igualmente, a imprensa internacional baixou toda aqui. Trata-se de gente importante, estadistas, gente que têm algo a dizer, e o incrível é que sabem fazê-lo em poucas linhas.
Igualmente, se um senador vende bois em Alagoas com o valor da arroba três vezes mais cara do que na região sudeste isso também é notícia, porque é inusitado. Mesmo quando a tropa de choque tenta cercear a liberdade de expressão.
(Alcindo Garcia é Jornalista)
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