sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Acesso a cultura

Quando ainda estava no primeiro ano da faculdade de jornalismo, assisti uma palestra – entra tantas -- de uma pessoal muito especial: um artista plásticos, dos maiores que esse país de tantos talentos já produziu.
O já falecido Leopoldo Lima – que morava em São Simão e era casado com uma santarritense – deixou um legado de mensagens positivas, sobre arte, cultura e comportamento. Motivo que me fez esquecer do conteúdo de palestras que assisti na época de pessoas “famosas” como o ator José Wilker e o escritor Paulos Coelho.
Não sei se Leopoldo era tão bom com as palavras, quanto era com seus formões que cavoucavam a madeira e a transformava em belíssimos objetos de arte. Mas, entre tantas coisas que disse, ou ficou marcada: que ele se recusava a expor suas obras em galerias e museus.
O motivo seria o acesso restrito de determinados locais a determinadas pessoas. Leopoldo dizia que “pobre” não ia a galerias, nem a museus. Por isso, ele deixava seus entalhes a mostra em praças e demais locais públicos. Na praça, vai o pobre e o rico. Era a forma que este grande artista tinha de prover acesso irrestrito à seu trabalho.
Tudo isso que contei, é só para mostrar como acho importante certas ações de artistas, grupos e (por que não?) do poder público, quando levam a cultura às pessoas, sem restrições.
Por tudo isso, que ouvi há 17 anos, tenho que enaltecer a iniciativa da organização do 46ª Festival Zequinha de Abreu, quando promove uma apresentação do nível da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto em plena praça pública.
Já ouvi muitas pessoas dizendo que o Festival deveria ser “elitizado”. Eu concordo, mas não no sentido de buscar um público diferenciado. Mas sim, de levar uma arte “diferenciada” a toda população, principalmente às pessoas mais humildes. Essa é sim uma obrigação do poder público!

(artigo meu publicado na página 2 da edição deste sábado, 18/8, da Gazeta)

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