sábado, 22 de março de 2008

A história é para ser contada

Tem muita coisa ainda a ser escrita sobre nosso festival de cinema e, o melhor, tem muita gente disposta a colaborar. Estou animado com isso.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Mais que mero coadjuvante!


Festival Nacional de Cinema colocou Santa Rita na rota dos grandes eventos da sétima arte

Cleber Octaviano
Especial para a Gazeta


Visionários como Jaime Nori, Wladimir de Freitas e Paulo Paixão realizaram, em 1966, uma façanha que pode ser considerada como impossível nos dias atuais. O Festival Nacional de Cinema de Santa Rita do Passa Quatro trouxe a cidade e premiou grandes nomes do mundo artístico brasileiro. Muitos são até hoje grandes estrelas como os globais Eva Wilma e John Herbert, por exemplo.
O evento, uma realização do então Departamento de Turismo e Assistência Social, dirigido Wladimir de Freitas, o Filhinho, aconteceu de 15 a 18 de julho de 1966, e foi um marco histórico para o município. Porém, sua realização foi quase esquecida por historiadores do cinema nacional (vide matéria no caderno Mais, edição 1559, de 5 de março de 2008, da Gazeta de Santa Rita). Mas se o Brasil esqueceu, os habitantes de Santa Rita, não. E "nosso" festival continua vivo na memória de muitos santarritenses.
O principal prêmio do evento foi o troféu "Tico-tico", nas categorias ouro, prata e bronze. Nos dias de festival, foram exibidos quatro filmes inéditos e uma retrospectiva com até oito filmes, todos no extinto Cine Mirella.
Segundo publicado no jornal "O Santarritense" da época, estiveram em Santa Rita os atores e atrizes Norma Bengell, Rejane Medeiros, Eva Rodrigues, Alberto Ruschel, Luigi Picchi, Mazzaropi, Eva Wilma, John Herbert, Leonardo Villar, Milton Ribeiro, Aurora Duarte, entre outros, além do então governador do Estado de São Paulo, Laudo Natel.
Entre os filmes exibidos estiveram: o documentário "Silêncio Branco", sobre o Papa Paulo VI; "Meu Japão Brasileiro", com a presença de Mazzaropi, e "Entre o Amor e o Cangaço", com a presença da atriz Rejane Medeiros. O longa "Da Terra Nasce o Ódio", totalmente rodado em Santa Rita, também foi exibido no mesmo dia que "O Santo Milagroso", que contou com a presença de todo o elenco, além do ator Leonardo Villar.
O evento também contou com coquetel à beira da piscina na AASR e baile no Delta Clube, além de uma recepção na Fazenda Itatiaia, de Alciro Ribeiro Meirelles, o Ciróca.
Em Sessão de gala no Cine Mirella, aconteceu a entrega dos prêmios e presença de todos os artistas.
Os prêmios "Tico-tico de ouro" foram para: "Santo Padroeiro" (melhor filme); Osavldo Massoíne (melhor produtor); Leonardo Villar (melhor ator em "O Santo Milagroso" e "A Hora e a Vez de Augusto Matraga"); Vera Viana (melhor atriz em "Toda Donzela Tem Um Pai Que É Uma Fera"); Luís Sérgio Person (Melhor diretor em "São Paulo S/A"); Roberto Ferreira (melhor coadjuvante masculino); Rosana Tapajós (atriz revelação); Mazzaropi (campeão de popularidade); Mônica See (prêmio especial). Também receberam o prêmio maior: Ruy Santos e Irmã Alvarez, respectivamente produtor e estrela do filme "Onde a Terra Começa", lançado em avant-première, durante o festival.
Os "Tico-tico de prata" foram para: Adolfo Cruz, Hermantino Coelho Gerbellotti, Dionísio Azevedo, Carlos Coimbra e Ruy Presser Bello.
Como prêmio em dinheiro, o então Banco da Lavoura Comércio S/A ofertou um cheque de Cr$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros) para Leonardo Villar e outro para Eva Wilma.
Diplomas especiais foram entregues para Norma Bengell (rainha do cinema brasileiro); Irmã Alvarez (rainha do festival); Brigitte Darling (rainha da ribalta). Eva Rodrigues (rainha da simpatia), Joaquim Menezes (o pioneiro dos festivais de cinema brasileiros); Almeida Salles (presidente da Cinemateca Brasileira) e Celeste Aída (pelos seus 28 anos de atriz).
O júri do festival foi composto por: brigadeiro Rui Presser Bello, superintendente do Sindicato Nacional dos Produtores de Cinema, como presidente do corpo de jurados; Adolfo Cruz, jornalista da Radio o Nacional e da TV Rio; Avelino Sobrinho, jornalista da Rádio Itatiaia e da TV de Belo Horizonte; Edmo Prossard, poeta e jornalista da revista "O Lince", de Juiz de Fora (MG); Hermantino Coelho, do Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas da Capital; Ironildes Rodrigues, cronista especializado em cdinema; Gerbellotti, repórter especializado, Joaquim Menezes, precursor dos festivais de cinema e "rei" do carnaval carioca; Jaime Nori, representando a Cinematográfica Santa-Ritense; Maurício Morey, ator do filme "Da Terra Nasce o Ódio"; Paulo Paixão - Coordenador do Festival e escritor, jornalista especializado em assunto de cinema.
A grande imprensa também esteve presente, com jornalistas de peso como Fernando Hossepian, Heitor Augusto Rigo, Orlando Fassoni e Gilberto Di Pierro. Há informações ainda que o evento teve cobertura das revistas "O Cruzeiro" e "Manchete".

Curiosidade
Na edição de nº 4, de 17/07/1966, o jornal "O Santarritense" afirma que, em sessão do dia 6 de julho de 1966 a Câmara Municipal de Santa Rita do Passa Quatro, aprovou a propositura concedendo o "título de cidadão santarritense" a Vinícius de Moraes. A matéria publicada na época afirma que o poeta, autor de clássicos da literatura e música brasileira, esteve na cidade para o festival.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Memória cinematográfica...ou a falta de!


Internet “ignora” o Festival de Cinema Nacional de Santa Rita do Passa Quatro, promovido há 42 anos

Promovido em 1966, o 1º Festival Brasileiro de Cinema de Santa Rita do Passa Quatro premiou, com o troféu "Tico-tico", filmes, diretores e artistas da época. Posterior ao Festival de Brasília, o provável primeiro evento do gênero no país, mas contemporâneo do Festival de Gramado, o mais famosos até hoje, o "nosso" festival quase não aparece em sites especializados ou blogs na internet.
A reportagem da Gazeta fez uma longa pesquisa pela rede e encontrou várias menções a festivais, e Santa Rita aparece constantemente pelas produções aqui realizadas, como o filme "Da Terra Nasce o Ódio" (1954), ou pela obra "Tico-tico no Fubá" (1952).
Sites que contam a "história do cinema nacional" destacam o Festival do Cinema Brasileiro de Gramado, iniciado em 1973, apenas sete anos após a realização do evento em Santa Rita.
A "Enciclopédia do Cinema Brasileiro", compilado por Fernão Ramos e Luiz Felipe Miranda, tem páginas autorizadas para serem divulgadas na internet. Entre elas, Santa Rita aparece em duas: 252 e 342. Nenhuma delas menciona o festival.
Entre os assuntos que incluem a cidade na história do cinema nacional, estão mais uma referência ao filme "Da Terra Nasce o Ódio" (pág. 252), e o nome Rubens Francisco Lucchetti, roteirista do cineasta Zé do Caixão, nascido no município em 1934 (pág. 342). O Festival de Gramado parece em pelo menos 30 páginas da publicação datada de 2001.
O único site encontrado pela reportagem que menciona o festival de Santa Rita é o da Fundação Astrogildo Pereira, na página dedicada ao filme "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", Baseado no romance homônimo de João Guimarães Rosa. O site inclui entre os prêmios recebidos pela obra, o de "melhor ator", para Leonardo Villar.

Biblioteca
A história do cinema brasileiro é contada em vários livros e uma pesquisa mais minuciosa pode (ou não) resgatar a memória do evento considerado, ao lado do Festival Zequinha de Abreu, como os mais importantes já realizados no município.

O festival
Promovido pelo então Departamento Municipal de Turismo e Assistência Social, o 1º Festival de Cinema Brasileiro de Santa Rita do Passa Quatro aconteceu entre os dias 15 e 18 de julho de 1966.
Entre os presentes estiveram as estrelas Norma Bengell, Mazzaropi, Eva Wilma, John Herbert e Leonardo Villar.

quinta-feira, 13 de março de 2008

...e a gente nem percebeu

E Tudo Mudou

Luiz Fernando Veríssimo

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê…

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3

É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira…

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz

E a sociedade ficou incapaz…
… De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças.